A decisão da Pague Menos de incluir cerveja sem álcool em seu portfólio reacende uma antiga discussão no setor farmacêutico e varejista de alimentos. Anualmente, supermercados apresentam ao Congresso Nacional projetos de lei para liberar a venda de medicamentos em seus estabelecimentos. A estratégia da Pague Menos, com a ampliação de produtos além dos medicamentos, pode ser vista como um argumento a favor dessas iniciativas, potencializando o debate sobre os limites entre farmácias e supermercados.
Além da questão regulatória, existe uma preocupação crescente com o consumo estimulado de medicamentos. A banalização da venda de remédios, refletida no novo slogan da Pague Menos – “Na Pague Menos tem tudo. Até remédios” – pode levar a um aumento de casos de automedicação, intoxicação e efeitos colaterais. Nenhum medicamento é isento de riscos, mesmo os de venda livre, e seu uso indiscriminado pode causar sérios problemas de saúde.
A inclusão de produtos como cerveja sem álcool nas prateleiras de farmácias, portanto, vai além de uma simples expansão comercial. Ela representa um desvio preocupante do papel tradicional das farmácias como centros de saúde e orientação. Esta prática pode justificar a demanda dos supermercados de expandir seu portfólio para incluir medicamentos, um movimento que poderia diluir ainda mais a linha entre consumo responsável e irresponsável de medicamentos.
Além disso, a mistura de medicamentos com produtos de consumo cotidiano pode levar a uma desvalorização do papel dos medicamentos na saúde pública. O risco de automedicação, juntamente com o desperdício de dinheiro em medicamentos desnecessários ou ineficazes, poderia sobrecarregar ainda mais os serviços de saúde, com um aumento nos casos de intoxicação e dificuldades no diagnóstico.
Em resumo, a decisão da Pague Menos de vender cerveja sem álcool em suas farmácias é mais do que uma questão de diversificação comercial. Ela reflete uma tendência preocupante no setor farmacêutico e varejista, com implicações significativas para a saúde pública e a regulamentação do comércio de medicamentos. A medida levanta questões críticas sobre a responsabilidade das farmácias em manter um foco claro na saúde e no bem-estar, em vez de seguir uma lógica puramente comercial.
Fonte: Federação Interestadual dos Farmacêutico – (FEIFAR)