A crescente onda de assaltos a farmácias e drogarias em todo o país reacende o alerta para a necessidade urgente de implantação de normas de segurança específicas para o setor varejista farmacêutico. Tanto as empresas quanto o poder público precisam adotar medidas eficazes para garantir a integridade física e moral dos farmacêuticos e demais trabalhadores, que diariamente enfrentam o risco de violência em seus locais de trabalho.
O mais recente episódio ocorreu na madrugada da última quarta-feira (16), em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. Criminosos invadiram uma drogaria localizada no Centro da cidade, armados, e roubaram medicamentos de alto custo, como o Ozempic — popularizado para controle de peso — e o Venvanse, utilizado no tratamento do TDAH. Durante a ação, três funcionários estavam presentes: dois foram levados para a cozinha do estabelecimento e o terceiro foi obrigado a entregar os medicamentos mais valiosos.
Conforme registrado em boletim de ocorrência, os assaltantes utilizaram inclusive chamadas de vídeo para coordenar o roubo. Além dos produtos, celulares e cartões bancários de funcionários também foram levados. Até o momento, ninguém foi preso.
Casos como este não são isolados. Farmacêuticos relatam viver em constante apreensão, temendo assaltos a qualquer momento, especialmente durante plantões noturnos ou em regiões de maior vulnerabilidade. A ausência de medidas de prevenção em muitas unidades — como sistemas adequados de segurança, vigilância armada e protocolos claros de emergência — agrava ainda mais a situação dos trabalhadores.
Para a Federação Interestadual dos Farmacêuticos (FEIFAR), é inaceitável que profissionais da saúde, responsáveis por um serviço essencial à população, estejam sujeitos a tamanha exposição sem que empregadores e o Estado implementem políticas efetivas de proteção. A entidade reforça que, além da responsabilidade empresarial, é indispensável a atuação do poder público para garantir patrulhamento ostensivo nas áreas comerciais e elaborar normativas específicas de segurança para o comércio farmacêutico.
“Não podemos continuar assistindo à banalização da violência contra profissionais que trabalham em farmácias e drogarias. A proteção à vida e à dignidade dos trabalhadores deve ser prioridade absoluta”, declarou em nota a presidência da FEIFAR.
A federação defende que a regulamentação das condições mínimas de segurança seja tratada nas convenções coletivas de trabalho do setor, incluindo obrigações como a instalação de câmeras de monitoramento, botões de pânico, treinamento de funcionários para situações de risco, seguro contra roubos e proteção para os trabalhadores em caso de assaltos.
A situação vivida pelos farmacêuticos é apenas mais um reflexo do descaso histórico com a segurança nos estabelecimentos de saúde privados. É urgente agir, não apenas para preservar o patrimônio, mas para proteger o mais importante: a vida dos profissionais e dos clientes.
Fonte: Federação Interestadual dos Farmacêuticos (FEIFAR), com informações do G1.