Por *Renato Soares Pires Melo.
Brasília/DF, 15/08/2023 – O cenário do varejo farmacêutico nacional apresenta números impressionantes, marcando um crescimento sólido e consistente. No entanto, à medida que as cifras bilionárias de faturamento impressionam, um aspecto sensível vem à tona: os salários dos profissionais farmacêuticos, a espinha dorsal da varejo de medicamentos e insumos, permanecem praticamente inalterados.
De acordo com um minucioso levantamento realizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que reúne trinta das maiores redes farmacêuticas do país, o primeiro semestre de 2023 testemunhou um crescimento notável no varejo farmacêutico, com um faturamento agregado de R$ 43,47 bilhões. Comparado ao mesmo período do ano anterior, esse valor representa um crescimento substancial de 13,07%.
Este aumento não é apenas um testemunho da resiliência e da vitalidade do setor, mas também sublinha o papel central das farmácias e drogarias como parte integrante da saúde pública e do bem-estar da população. Entretanto, em meio a esse cenário promissor, há uma questão inquietante que permanece sem resolução: os salários dos farmacêuticos.
Embora as grandes redes farmacêuticas tenham alavancado seus lucros de maneira significativa, a remuneração dos profissionais farmacêuticos não acompanhou esse progresso. O papel dos farmacêuticos na garantia da segurança e eficácia dos medicamentos, bem como na orientação dos pacientes, é crucial para o funcionamento adequado do setor. No entanto, muitos desses profissionais enfrentam condições salariais inadequadas e não condizentes com a importância de suas funções.
Os profissionais farmacêuticos têm sido persistentes na busca por melhores condições salariais, destacando a discrepância entre o papel essencial que desempenham e a recompensa que recebem por isso. Enquanto o varejo farmacêutico floresce, a crescente desvalorização dos salários dos farmacêuticos lança uma sombra sobre os progressos alcançados.
Este impasse ressalta a necessidade de um diálogo construtivo entre as redes varejistas e os profissionais farmacêuticos, buscando um equilíbrio entre o sucesso financeiro das empresas e o reconhecimento adequado dos trabalhadores. Um setor próspero deve ser capaz de proporcionar um ambiente que valorize e recompense adequadamente aqueles que desempenham um papel vital em seu funcionamento.
À medida que o varejo farmacêutico continua a trilhar um caminho de crescimento, é imperativo que a discussão sobre a valorização dos farmacêuticos seja uma parte central dessa narrativa. Somente através da colaboração entre as partes interessadas, o varejo de produtos farmacêuticos e insumos poderá alcançar um equilíbrio sustentável que garanta o bem-estar de todos os envolvidos.
*Renato Soares Pires Melo, Farmacêuticos, Presidente da Federação Interestadual dos Farmacêuticos.
Fonte: Feifar.